Um amigo reclamou para mim que estava sem ânimo. Sem vontade de trabalhar e nem conseguia fazer as coisas que gostava. Ele perguntou se eu não poderia ajudá-lo a encontrar seu propósito de vida para ter mais motivação. Minha resposta para ele foi: ‘Você já foi ao médico?’.
Nem tudo na vida é apenas motivacional. Há uma frase em latim muito famosa: ‘Mens Sana in Corpore Sano‘ (Mente sã em corpo são). Para uma mente sã, é preciso um corpo são. Seu corpo necessita de nutrientes, uma boa noite de sono e vários cuidados. Muitas pessoas esquecem disso e acreditam que tudo está apenas na mente: motivação, disciplina, busca de propósito e missão interior.
Lembro de um estudante que estava fazendo um acompanhamento comigo e reclamava de dores de cabeça. No entanto, ele já havia ido ao neuro e achava que aquilo era por falta de hábito. Orientei-o a buscar um oftalmologista, apenas para confirmar. No final das contas, ele estava com problemas nas lentes de seus óculos, e isso causava dores de cabeça ao final do dia. Uma semana depois de resolver o problema, conseguia estudar por longas horas sem dores de cabeça.
Quanto ao meu amigo, recentemente ele me informou que teve que passar por exames rotineiros. O médico constatou que ele estava com anemia e baixa vitamina D. Eu avisei. Cuide do seu corpo com exercícios e exames rotineiros. Lembre-se de que um corpo mal alimentado, com sono e doente não consegue ter motivação para estudar e nem trabalhar.
Somos frutos de “nós” mesmos.
No livro “Mudar: Caminhos para a transformação verdadeira“, o psiquiatra e psicoterapeuta Flávio Gikovate estabelece as bases psicológicas para mudarmos a nós mesmos. Gikovate nos alerta sobre a importância de mudar a forma como vemos o mundo:
“Porém, ao menos em parte, somos o fruto de “nós mesmos”; ou seja, fomos responsáveis por uma fração daquilo que somos hoje, posto que nossa mente participou ativamente da elaboração de muitas das convicções que nos governam. Assim, para querermos mudar de fato, temos de ter mudado nossos pontos de vista acerca de determinada forma de ser ou de agir.”
Há muito tempo tenho seguido uma filosofia de vida que é: a mudança começa de dentro para fora, ou seja, uma mudança mental para se refletir em ações concretas. É difícil iniciar uma mudança sem uma resolução pessoal, ou, nas palavras de Gikovate, “mudar nossos pontos de vista”.
Tomar consciência da sua realidade é o primeiro passo. Por isso, quando se tenta ajudar alguém alertando para uma determinada situação comportamental, nada pode ser feito a menos que a pessoa tome consciência por si mesma. Isso vale para nós mesmos.
Você pode até identificar algo que o incomoda, por exemplo, seus relacionamentos estão ruins, o trabalho está péssimo, e você se sente insatisfeito. No entanto, enquanto não tomar consciência do que precisa ser mudado na sua forma de agir, o problema permanece, e quando não se age sobre o problema, gera reclamação e vitimismo. Daí a importância de profissionais como psicólogos e terapeutas, pois ajudam você a refletir sobre suas ações e a identificar o que precisa ser mudado.
Lembro de uma pessoa que reclamava para mim da sua dificuldade em se manter em empregos. Sugeri que buscasse um psicólogo para entender o que se passava. Ele disse a mim: “acho que não preciso disso”. Entenda uma coisa: se você não está conseguindo sozinho, busque apoio de bons profissionais.
Aproveite e assista o PicciniCast sobre como mudar hábitos.