Você já sentou pra estudar, abriu o livro… e em cinco minutos já tava olhando para o teto?
Acha difícil manter o foco nos estudos, se sente cansado e acha tudo muito chato? Você não está sozinho. E mais importante: isso tem solução!
Hoje, eu quero bater um papo direto com você sobre por que estudar parece tão chato e o que é possível fazer, de forma realista, pra mudar isso.
Sem papo furado, sem “você é preguiçoso” e essas coisas. Aqui a ideia é entender como funciona o seu cérebro e usar isso a seu favor.
Esse texto foi feito a partir do vídeo “É Por Isso Que Você Acha Chato Estudar (Com Resolver Isso) você pode assistir aqui.
Por Que Estudar Parece Chato?
Vamos lá.
O cérebro gosta de novidade. Simples assim.
A gente vive sendo bombardeado o tempo todo por coisa nova — vídeo, som, cor, movimento. Celular, redes sociais, mil estímulos ao mesmo tempo.
Aí você sai dessa realidade cheia de dopamina e entra num mundo onde tem um livro com letra pequena, nada colorido, nada pulando, nada dançando.
A verdade? É um contraste brutal.
Não é que você seja preguiçoso ou desinteressado. É que o ambiente mudou completamente. E o seu cérebro está viciado na tal da novidade, na dopamina.
A novidade ativa a liberação de dopamina, um neurotransmissor ligado à motivação e recompensa, o que explica a dificuldade em focar em atividades menos estimulantes.
Um estudo interessante realizado pelos pesquisadores Kidd e Hayden sobre A psicologia e a neurociência da curiosidade, mostrou que a busca por informações, impulsionada pela curiosidade, pode se assemelhar a outros estados de motivação e recompensa, nos quais a dopamina desempenha um papel crucial.
Ou seja.
Estimular a curiosidade sobre o que se está aprendendo, pode ser uma forma prática de desenvolver maior interesse e motivação pelos estudos. É assim que seu cérebro aprende.
Estudar a Mesma Coisa Por Horas Cansa
Um dos grandes erros de quem estuda é achar que precisa ficar em uma única matéria por horas.
Isso só cansa. O cérebro satura. Começa a perder o interesse.
O que eu proponho? Alternar os conteúdos.
Você estuda um pouco de uma matéria, depois muda pra outra. Pode parecer que isso atrapalha, mas o estudo intercalado melhora a memorização a longo prazo, mesmo que inicialmente pareça menos eficaz. O ganho a longo prazo é bem maior.
No artigo “A prática intercalada melhora a memória e a capacidade de resolução de problemas” os pesquisadores Samani e Pan descobriram que:
(…) os alunos se lembraram de informações mais relevantes e produziram soluções corretas com mais frequência após se envolverem na prática intercalada (com melhorias medianas observadas de 50% no teste 1 e 125% no teste 2).
Intercalar a aprendizagem traz mais resultados, mesmo que muitos alunos tenham dificuldade de aplicá-la ou a consideram ineficaz, ao final, ela se mostra muito melhor.
Como Montar Um Estudo Intercalado
A ideia é sustentar a atenção usando a novidade como aliada.
Quando você estuda alternando temas, o cérebro fica mais atento. E você consegue lembrar do que estudou com mais facilidade.
Tem gente que acha que alternar conteúdo é bagunça. Que vai confundir tudo. Mas se você faz um plano de estudos do jeito certo, não tem erro.
Comece listando os conteúdos que você precisa estudar. Depois, monte blocos misturando temas diferentes.

Por exemplo.
Em vez de estudar só cardio, você pode fazer 30 minutos de cardio e 30 de neuro na mesma sessão. Isso cansa menos e treina seu cérebro a pensar com mais flexibilidade.
Use um cronômetro para manter o foco e respeitar os tempos. No começo parece que não está funcionando, mas insista por algumas semanas.
O ganho vem com o tempo. E claro, revise os blocos depois de alguns dias para fixar de vez. O estudo intercalado é treino. E quanto mais você pratica, melhor seu cérebro responde.
O Que Acontece No Cérebro Quando Você Alterna
Seu cérebro é um órgão só, mas com várias áreas conectadas.
Quando você alterna os temas, ativa regiões diferentes. A massa cinzenta, os dendritos, a mielina, tudo começa a se movimentar.
Estudo intercalado = cérebro mais ativo.
Variação de estímulos fortalece conexões sinápticas, similar ao efeito do treinamento físico em músculos distintos.
No artigo “A prática intercalada melhora a aprendizagem de habilidades e a conectividade funcional das redes frontoparietais” publicado pela revista Human Brain Mapping, mostrou que a prática intercalada melhora o aprendizado ao otimizar a coordenação das regiões corticais sensório-motoras, e o desempenho superior em condições de interferência contextual está relacionado a uma maior conectividade funcional no córtex frontal.
Ou seja.
A ligação entre o desempenho superior em condições de interferência contextual e a maior conectividade no córtex frontal destaca o papel das funções executivas (como planejamento, flexibilidade cognitiva e controle da atenção) no aprendizado eficaz.
Isso enfatiza que aprender não é apenas memorizar, mas também saber aplicar o conhecimento em diferentes situações
“Mas Eu Me Confundo Quando Alterno as Matérias!”
Essa é clássica. E faz sentido. No começo, é normal se confundir um pouco. Você ainda está criando o hábito de estudo.
Independente das dificuldades, permaneça firme alternando as matérias, pois isso ao final trará melhores resultados para sua aprendizagem.
A ciência chama isso de “dificuldades desejáveis”: desafios que, embora incômodos inicialmente, potencializam a aprendizagem.
Perguntas Frequentes (F.A.Q.)
Algumas perguntas sobre esse tema, caso tenha mais perguntas pode deixar na área de comentários do site.
Trabalho o dia todo e só tenho 2 horas pra estudar. Vale a pena intercalar as matérias?
Vale MUITO. Adultos sem tempo são os que mais se beneficiam do intercalado! Em vez de gastar 2 horas em um só tema (e esquecer 70%), divida em:
- 50 minutos: Português (interpretação de texto)
- 10 minutos: Café + alongamento
- 50 minutos: Matemática Básica
Essa pausa ativa a memória de longo prazo. Você vai render nos estudos mais sem se sentir um zumbi.
Sou médico estudando para Revalida. Como alternar conteúdos densos como Anatomia e Farmacologia?
Sei que é pesado, mas a estratégia é associar o teórico ao prático. Exemplo:
- 40 minutos: Farmacologia (classes de antibióticos)
- 20 minutos: Estudo de casos clínicos que usem esses medicamentos
Isso cria contexto e reduz a abstração. E se bater o cansaço, mude para um tema mais “visual”, como vídeo-aulas de procedimentos. A chave é não deixar o cérebro entrar no piloto automático.
Como ajudar alunos a intercalarem matérias para aprenderem com mais eficácia?
Sugira que eles criem cronogramas temáticos, não por disciplina. Exemplo:
- Segunda: Manhã (Estatística Básica) / Tarde (Leitura Crítica de Textos)
- Terça: Manhã (Resolução de Problemas) / Tarde (Revisão Ativa)
Mostre que a alternância não é falta de foco, mas um método respaldado pela neurociência
Quantas matérias posso intercalar num mesmo dia?
A regra é: não exagere na dose. Para adultos, 3 a 4 temas diferentes já são suficientes. Exemplo:
- Manhã: Direito Constitucional
- Tarde: Matemática Financeira + Revisão de Português
Mais que isso pode virar bagunça. Priorize qualidade, não quantidade.
Conclusão: Estudar Não Precisa Ser Um Sofrimento
Nesse artigo você percebeu o quanto seu cérebro pode sabotar seus estudos, principalmente tornando os estudos mais chatos.
Também aprendeu que intercalar os estudos é a melhor forma de usar seu cérebro a favor na aprendizagem.
Agora você deve olhar para seu plano de estudos e perguntar? Estou intercalando as matérias?
Que novidades posso incluir no meu plano de estudos para deixar minha aprendizagem mais interessante? Essa é sua atividade prática para hoje.
Se gostou do artigo lembre de compartilhar com algum amigo ou amiga que precisa saber disso, deixe um comentário respondendo a pergunta:
Você já praticava o estudo intercalado?